O sono é uma função vital indispensável para a restauração e manutenção da nossa energia, para o equilíbrio funcional do sistema nervoso central e fortalecimento do nosso sistema imunológico. Em média, um indivíduo necessita de 8 horas de sono por dia, de acordo com várias pesquisas e dados publicados pela Organização Mundial de Saúde. Entretanto, não é só uma questão quantitativa… Se esse sono não for de boa qualidade, podemos nos deparar com uma série de prejuízos. A cada dia percebemos que as pessoas estão mais estressadas, sobrecarregadas com estudos e trabalho, sem ter tempo para uma alimentação adequada ou para praticar exercícios físicos. Tudo isso influencia na qualidade do sono, pois não basta deitar e dormir por oito horas, é preciso ter um sono verdadeiramente reparador.
Enquanto dormimos, o corpo diminui a produção de cortisol e adrenalina, e isso colabora para o controle do estresse; a produção da leptina, hormônio da saciedade, aumenta, e, por sua vez, a de grelina, hormônio do apetite, decresce. Portanto, um sono adequado proporciona o equilíbrio de vários sistemas em nosso corpo, inclusive a regulação do ganho de peso.
A maioria das funções reguladoras ocorrem durante a fase REM do sono (Rapid Eye Moviment). É uma fase de aprofundamento, onde chegamos ao grau máximo de relaxamento. As fases iniciais do sono são consideradas precursoras da fase REM. Para chegarmos nessa fase, é fundamental que a respiração esteja adequada, sem qualquer ponto de colapso ou obstrução à passagem do ar nas vias aéreas superiores.
Alguns fatores podem levar a obstrução do fluxo de ar no nariz e na garganta durante a noite, como a hipertrofia da mucosa nasal (rinites), flacidez do palato mole, alterações na posição da mandíbula, etc. O excesso de peso também repercute como fator obstrutivo na coluna aérea durante a noite, pois o tecido adiposo (gordura) acumulado na região cervical pode estreitar a passagem do ar. Homens com circunferência cervical acima de 43 cm e mulheres acima de 40 cm são mais propensos a apresentarem problemas no sono. Roncos, sonolência diurna, dificuldade de atenção e concentração, engasgos durante a noite, são sintomas de alerta, pois indicam a possibilidade de alguns episódios de apnéia (parada respiratória) durante a noite. A depender do número de eventos de apnéia, o índice aumentado eleva o risco da perda cada vez maior da qualidade e quantidade do sono reparador e este fator implica diretamente no prejuízo das funções reguladoras que o sono traz. Hoje sabemos que a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono traz muitos riscos se não for tratada, tais como risco cardiovascular (hipertensão arterial sistêmica, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, etc), risco metabólico (diabetes, obesidade), risco hormonal (queda dos níveis de testosterona e impotência sexual), alterações de humor, memória e concentração, etc.
Na presença dos sintomas acima descritos, é fundamental a avaliação otorrinolaringológica para definir melhor o diagnóstico através da Polissonografia, exame endoscópico das vias aéreas superiores e outros exames porventura necessários, para então planejar o melhor tratamento (clínico ou cirúrgico), a partir da individualização de cada paciente.
Dra Adriana Silveira
CRM 13600
Otorrinolaringologista do Nooba
Mestre em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Sta Casa de São Paulo
Professora adjunta do Curso de Medicina da UNIFACS
Preceptora da Residência Médica em Otorrinolaringologia do Hospital Santo Antônio