A semana do sono ocorre em todo território nacional anualmente com o objetivo de passar informações à população sobre o sono, atualizações e a sua importância para a melhora da qualidade de vida. Esse ano ocorrerá nos dias 15 a 21 de Março com a temática: sono bom, futuro saudável.
Pensando nessa semana de conscientização nacional do sono, vamos falar um pouquinho sobre um distúrbio de movimento durante o sono que é a PARASSONIA. Mas o que é isso? Com certeza algumas famílias se queixam que as crianças ou adultos falam durante a noite, tem o sono agitado, muitos pesadelos, gritam e choram no meio da noite, comem compulsivamente no meio da noite, se movimentam excessivamente a noite ou ate parecem reviver em movimentos o que estão sonhando.
Parassonia é toda atividade motora ou verbal durante o sono. É dividida em distúrbios que acontecem no sono NÃO REM (despertar confusional, sonambulismo, terror noturno, distúrbio alimentar durante o sono) e no sono REM (pesadelo, paralisia do sono, transtorno comportamental).
Os distúrbios do sono NÃO REM ocorrem numa fase profunda do sono, tem predisposição genética e historia familiar e são intensificados em dias mais estressantes, com estímulos excessivos, privação de sono, dormir em locais diferentes. Ocorre mais em crianças e diminui com a idade. É dificilmente acordado e não se lembra do que aconteceu.
O despertar confusional é mais comum entre 2 e 5 anos de idade. A criança fica restrita a cama, observa o ambiente de forma confusa. Ela não grita, no chora, não levanta da cama e na maior parte das vezes volta a dormir. Geralmente desaparece com a idade.
O sonambulismo é mais comum dos 6 as 16 anos. Pode sair da cama, caminhar com facilidade em ambientes conhecidos e fazer atividades mais complexas como abrir porta, ir a cozinha, abrir janela. Orientamos a família ter um ambiente mais seguro com trancas, grades em janela, evitar objetos pontiagudos expostos. Não tentar acordar. O ideal é acolher, proteger e levar de volta a cama. Tem caráter benigno e autolimitado, geralmente desaparece após a infância.
O terror noturno é o que mais assusta, e ocorre em 7% das crianças e 2% dos adultos, mais comum entre 4 e 12 anos de idade. A criança chora, grita, pode ficar vermelha, suada, coração acelerado e medo intenso. Quanto menos intervenções fizer melhor, irá passar em alguns minutos. Tambem é benigno e autolimitado
O distúrbio alimentar do sono ocorre mais na terceira década de vida e são episódios frequentes de comer alimentos calóricos, exóticos e combinações estranhas, sem recordação.
Os distúrbios do sono REM são também desencadeados em dias mais estressantes e com mais estímulos. Geralmente há lembrança do ocorrido.
Os pesadelos são sonhos vividos e amedrontadores, terminando num despertar com lembrança detalhada do conteúdo do sonho. São mais frequentes em período de estresse ou traumas. Mais comum na infância, entre 3 e 6 anos. Tem caráter benigno, desapaece com a idade.
A paralisia do sono é a incapacidade de se mexer ao acordar, com consciência intacta. Os olhos se mexem, a musculatura respiratória esta preservada porem todo restante do corpo encontra-se sem função motora. Duram minutos e melhoram espontaneamente. Pode estar associado no momento com alucinações visuais e sensações táteis pelo corpo (sensação de toque na pele, visão de sombras, sensação de presença de alguém no quarto). Devemos orientar ao paciente que é um distúrbio benigno e deve ser evitados fatores precipitantes, mantendo uma boa rotina de sono.
O distúrbio comportamental do sono REM é mais comum em homens acima de 50 anos e ocorre na segunda metade da noite. São movimentos como encenação do sonho vivido (como falar, assobiar, bater palmas, gesticular, chutar, dançar). Ao acordar a pessoa esta orientada e se recorda do conteúdo do sonho. Pode estar associada a doenças degenerativas neurológicas.
Resumindo, parassonias são eventos frequentes, mais comuns em crianças. Uma boa rotina de sono e hábitos de sono além de segurança no local onde dorme são fundamentais como orientações para os pacientes e sua família. Se os episódios forem frequentes e alterarem a qualidade de vida do paciente, em casos específicos, existem medicações para tratamento. A maioria dos casos não necessita de tratamento, diminuindo com o tempo.
Dra. Juliana Veloso
Otorrinolaringologista – Membro do Corpo Clínico NOOBA
CRM-BA: 20444 | RQE: 11432