
Disfagia é a presença de algum fator que impeça ou atrapalhe a deglutição, uma função vital para o ser humano e deve ocorrer de forma segura e confortável para o paciente.
Parece um processo simples para as pessoas saudáveis, mas é extremamente complexo, requerendo uma sincronização precisa com a respiração, uma vez que compartilham da faringe que serve às duas funções.
Doenças neurológicas, inflamatórias e neoplásicas (tumores) são as principais causas de disfagia. O fator emocional também deve ser considerado associado a qualquer patologia ou isoladamente no diagnóstico de exclusão.
Os sintomas mais frequentes de um paciente disfágico são engasgos, “entalos”, sensação de alimento parado na garganta, sufocamento e tosse durante ou após a alimentação, além de perda de peso sem explicação. A disfagia pode também levar à desidratação, desnutrição e o mais grave: pneumonias de repetição.
A infecção respiratória ocorre devido à broncoaspiração, levando muitas vezes internação e prolongamento do tempo hospitalar, principalmente em idosos, devido à senilidade, ou com doenças neurológicas, como acidente vascular cerebral (AVC), traumatismo cranioencefálico e doença de Parkinson.
A Covid, na sua forma grave, surge também acometendo a deglutição, principalmente naqueles pacientes que tiveram um tempo de internação prolongado, ou precisaram permanecer algum tempo na unidade de terapia intensiva.
O diagnóstico é baseado na história clínica e em exames de imagem dinâmica, como na videoendoscopia da deglutição conhecida pela sigla VED, muito utilizada pelo otorrinolaringologista e nos fornece importantes dados. Não utiliza contrastes, nem radiação e pode ser feita em crianças, adultos ou idosos.
O tratamento se baseia na sua causa. O objetivo é sempre preservar e melhorar a via oral, de forma segura e eficiente, sem risco de broncoaspirar. A avaliação da fonoaudiologia e a fonoterapia em muitos casos são fundamentais.
Numa população onde o número de idosos apenas aumenta, e por essa ser a faixa etária mais acometida (embora possa ocorrer em qualquer idade), precisamos nos preocupar com a qualidade de vida, não apenas com o tempo de sobrevida.
Dra. Adriana Salles
Otorrinolaringologista – Fellow em Laringe – Membro do Corpo Clínico NOOBA
CRM-BA: 12704 | RQE: 5510