A rolha de cerúmen é uma demanda muito frequente no consultório do otorrinolaringologista. Caracteriza-se pela impactação da cera no conduto auditivo externo do paciente gerando queixas como: diminuição da audição (hipoacusia), sensação de ouvido tampado (plenitude auricular), por vezes coceira, zumbido e dor.
A cera é produzida na porção mais externa do canal auditivo, onde há glândulas ceruminosas. É constituído por ácido graxo e colesterol misturando-se com pele descamada, resíduos de pelos, água, microrganismos e poeira que possam ter entrado pelo canal do ouvido.
É preciso esclarecer que a cera não é sujeira! Ela é a proteção do ouvido. Ela impede a proliferação de fungos e bactérias patogênicas, hidrata a pele evitando a descamação e a coceira, impede o contato da água diretamente com a pele e evita a entrada de insetos e outros objetos. O ouvido saudável tem cera. A remoção desnecessária da cera faz com que a pele do ouvido fique desprotegida aumentando a chance de infecções.
A quantidade de cera produzida varia de paciente para paciente. Há indivíduos que produzem pouca cera; há aqueles que fabricam cera na medida certa para manter o ouvido saudável e há aqueles que fabricam em excesso. Os indivíduos que procuram o consultório do otorrino são aqueles que produzem pouca cera ou os que a fabricam em excesso.
A quantidade de cerume encontrada no canal auditivo pode alterada por:
• Uso inadequado de hastes flexíveis de algodão: as hastes não puxam e não absorvem todo o cerume, pelo contrário empurram a cera para porção mais interna do conduto, compactando-a. Além disso representam risco à integridade da membrana timpânica, que pode ser perfurada pela haste e danos à pele do ouvido causando sangramento e infecções. As hastes flexíveis de algodão não devem ser utilizadas dentro do canal auditivo;
• Avanço de idade: O cerume do idoso tende a ser menos lubrificado, sendo mais seco há maior dificuldade para expulsão natural;
• Uso constante, mas necessário de aparelhos auditivos: o fato de o ouvido estar na maior parte do tempo tampado pelo uso dos aparelhos não favorece a eliminação natural da cera;
• Características individuais: anatomia do canal auditivo ou causas individuais não identificadas.
Existem diversas maneiras de se fazer a remoção da cera em consultório especializado. Pode-se lançar mão da lavagem otológica, da remoção por instrumental microtolológico ou aspiração. Cada técnica tem sua indicação a depender da característica de cada ouvido e o aspecto da cera por ele produzido.
A tentativa de remoção do cerúmen pelo próprio paciente é altamente desaconselhado. Consultar regularmente o médico otorrinolaringologista possibilita a avaliação e remoção do excesso de cerume de forma segura quando necessário.