Tontura não se trata de uma doença, mas sim de um sintoma que pode ser consequência de uma série de desordens do organismo. A possibilidade de um diagnóstico correto e tratamento adequado depende principalmente da capacidade do paciente em descrever sua queixa durante o episódio de tontura e as circunstâncias nas quais ela costuma aparecer.
Tontura não é sinônimo de labirintite. Labirintite é uma causa incomum de tontura. Cada doença do labirinto tem um tratamento específico, diferente a depender da doença. Algumas não são sequer tratadas com remédio.
Tontura é uma das principais razões pelas quais os idosos procuram o pronto-socorro, porém nem todos apresentam vertigem. Vertigem é um tipo específico de tontura, caracterizada por sensação repentina que o indivíduo está girando ou que o ambiente ao redor está girando em torno dele. Essa sensação pode ser rápida ou durar horas ou dias. Além da tontura, o paciente pode referir náusea ou vômitos e dores de cabeça.
O que causa tontura e vertigem?
A principal causa de vertigem são acometimentos da orelha interna principalmente a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), neurite vestibular a e Doença de Meniere.
A VPPB pode acontecer quando cristais de cálcio nos canais da orelha interna são deslocados, causando tontura rápida com duração de segundos a minuto. Pode acontecer como consequência de trauma ou movimentação da cabeça em determinada posição, como mudar a posição na cama.
A neurite vestibular é causada por infecção da orelha interna gerando uma inflamação das estruturas sensoriais que determinam o equilíbrio. Essa condição determina episódio de vertigem severa que pode durar dias e, por vezes, pode ser acompanhada de perda da audição. Cerca de 95% dos paciente apresentam recuperação completa do quadro após tratamento correto.
A doença de Meniere é causada por aumento da pressão dos fluidos da orelha interna que pode levar a tontura com zumbido, sensação de orelha tampada (plenitude auricular) e diminuição da audição. E outras causas comuns de tontura são diabetes descompensado, hipotireoidismo, alterações hormonais, problemas circulatórios, enxaqueca e condições que afetam o sistema nervoso central, em que o acompanhamento especializado se faz necessário.
Outra importante causa de tontura é a Síndrome do Desequilíbrio do Idoso, causado pelo envelhecimento do sistema sensorial levando a desequilíbrio que pode culminar em quedas e aumentar a taxa de mortalidade e complicações nessa população.
Quais tratamentos para tontura e vertigem?
A vertigem ou tontura que aparece uma vez na vida subitamente e desaparece não costuma ser motivo de preocupação. No entanto, o indivíduo que se queixa de episódios de tontura de repetição com ou sem diminuição da audição deve procurar um otorrinolaringologista para tratamento adequado.
Por vezes, a tontura acaba sendo a manifestação de algo sério a nível central como acidentes vasculares cerebrais (AVC), esclerose múltipla ou doenças metabólicas e não pode ser negligenciada. O controle da doença de base do paciente pode muitas vezes resolver o quadro de tontura.
A vertigem que é causada pela VPPB pode ser tratada com fisioterapia vestibular, uma série de manobras que resultam no reposicionamento dos cristais de cálcio nos canais da orelha interna.
A Síndrome do Desequilíbrio do Idoso merece especial atenção em função das graves consequências que pode determinar e por isso acompanhamento especializado é importante muitas vezes com a necessidade de reabilitação vestibular.
É importante conscientizar a população que durante um episódio de tontura é interessante evitar alimentos que excitam o labirinto como cafeína – presentes no café, chás e refrigerantes; bebidas alcóolicas e tabagismo. Deve-se evitar dirigir automóveis em função de sua segurança. Os pacientes já sabidamente portadores de doenças crônicas como diabetes, pressão alta e hipotireoidismo devem estar atentos a sua medicação de rotina. A tontura tem tratamento. Não deixe de procurar um otorrinolaringologista.
Dr. Fábio Alencar
Otorrinolaringologista – Membro do Corpo Clínico NOOBA
Otologista pela Universidade de São Paulo – USP
CRM-BA: 39.762 | RQE: 22.238